Como anjos que não sabem nadar
suas asas foram cortadas
o que vê agora são linhas rígidas,
verticais, horizontais.
Atirada no Pacífico,
como anjos que não sabem nadar,
nada te salva,
te sufoca.
Presa entre as garras,
suas asas foram cortadas,
nada te sufoca,
te prende, somente prende
Como se um dia você aprendesse a viver da perda,
do desvio da ordem natural,
nas mãos do destino,
como se realmente um dia você vivesse na perda,
alimento da superação.
Pra ser forte é preciso antes, perder.
Te deixo aqui,
entretido em minhas confusões morfológicas,
em meus versos entrelinhados.
Invento,
linhas rígidas pra te limitar.
Quero todas, verticais e horizontais,
te dou meu abrigo.
Te prendo aqui.
Supere-me, minha perda.
E que comece a chover,
que a tempestade esteja a caminho
Que venha mares melancólicos, marés altas de... nós.