sábado, 24 de novembro de 2012

As batatas

Se eu como a poesia é porque sinto fome dela
Ela não mata a minha fome e me deixa com mais sede
Meu verso é bagunçado, sem escansão
minha rima é branca e
meu coração na mão.

Sou amarga pior que fel
e doce melhor que mel
Sei olhar no céu a imensidão
e a minha submissão

Na minha cama dormem os índios Guarani-Kaiowa e a Faixa de Gaza
nos cobrimos com o mesmo cobertor,
deitamos no mesmo colchão
comemos da mesma comida
somos filhos da mesma mãe

Só não faz sentido essa violência mirada no nosso peito
quando o sangue que escorre se deita no final
no mesmo rio do sangue que pela sua veia corre e aperta o gatilho que silencia nossos corpos.
Que dá no peito o choro quieto
que transpira dos meus olhos o grito mudo.

Não é nada humano e muito menos animal.
É desconsertante e oco.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pras bandas de lá

Alguém pra me contar sobre o mar
Me diz se ele ainda espuma e como as ondas ainda quebram.
Alguma concha que me faça ouvi-lo
Esqueceram de me trazer os grãos de areia fina
meus dedos estão muito vazios.

Alguém pra me bater no coração
dizendo: ô de casa?

Te vi correndo pro mar,
não quis gritar pra não rasgar o ar.