terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aujourd'hui, c'est le vin

           Não me leve a mal por eu ter começado a frase negativamente. Hoje essa chuva toda me trouxe muita felicidade, vi a água escorrendo pelas telhas transparentes, meu celular deu sinal de nova mensagem, era meu passarinho falando da chuva também. Ora, a quem estamos enganando, não foi chuva, o céu chorou de felicidade. Quando ganhei a rua o sol tomava conta entre as nuvens, o cheiro de asfalto molhado e o contraste das cores me amou.
         O planeta está tomado pelo efeito estufa, aqui dentro, as terras estão contaminadas de egoísmo, as ruas cheias de manifestações, no poder a corrupção exala mal cheiro, pelos cantos vidas vazias. 
       O clima na cidade tá pesado, vejo a ilusão transbordando das pessoas, olhares perdidos, todos seguindo o fluxo. A criatividade e a vida ficaram pra próxima, o amor virou outra coisa. Hoje as pessoas amam a matéria, o "por dentro" não existe mais. Tenho a liberdade de te usar a meu favor, de te amar todos os dias com felicidade e carinho. Um amor que não precisa da certeza de dois corpos, e muito mais que isso, a certeza de que você é meu. Posso sentir na sua presença e nos seus olhos, seu toque é doloroso e minha pele quase chora, é quando o amor da alma encontra o desejo do físico. Respeito sua companhia, somente porque meu amor é a forma mais pura e verdadeira que arranjei de me fazer feliz e me torturar. Se quiser me amar, também. Não sei se você ainda vai demorar muito, só peço que não demore, a garrafa de vinho está no fim e  estou a beira de jogá-la contra a parede, só tem duas taças e uma é minha. Vou destrancar a porta e acender o incenso, perfumar a casa, dar uma ajeitada no sofá e tirar essas coisas de cima da mesa. Vou dar play e o Chico vai invadir a sala com seu jeito de fazer bossa. O dia é feito pra te encontrar, até me perder.

domingo, 27 de novembro de 2011

EU TE AMO.

Sei viver longe de você, porque esse amor me basta, me enche de você todos os dias. Sou dona disso tudo, tenho tudo isso em mim, é bonito porque só eu te sinto todos os dias e você é tão meu que eu me permito te amar além do que recebo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Entra e toma um chá


Pensando bem, meu bem,
não foi uma boa ideia.
Pensando bem, não vai dar
A chuva apertou e meus pés estão frios demais,
minha sandália molhou e meu guarda-chuva ainda não secou.
Pensando bem, meu bem
Estou buscando desculpas que justifiquem a minha fraqueza,
a desculpa sou eu hoje.
Não estou nem pra mim, dê uma volta por aí,
a campainha quebrou, tirei o telefone do gancho, hoje decidi me perder por aqui.

Ouvi dizer que a plantação de cerejas está indo bem.
Fico feliz por você, aliás, não fico tanto, talvez nem fique.
Mas fica vai, entra e toma um chá,
tenho um clima confortável em mim e você pode ficar aqui o tempo que quiser,
As luzes da árvore de natal já estão acesas e a sala está aconchegante agora,
Mas fica vai.

As coisas já estão encaixotadas,
Vou te emoldurar e deixar guardado no fundo de uma das caixas.
Só vou abrir quando a saudade se mudar de mim,
Vou te ver naquele quadro e te xingar mas no final vou te amar de novo e vai ser bom, juro que vai ser bom
Agora vou permitir me amar, vou me curtir.

Lá fora o céu anoiteceu a cidade, agora vejo muitos pontos de luz.
Vou abrir a janela e deixar o sereno entrar,
Essa noite quero que todos sintam o amor.
Se permitam invadir por ele
Vamos, a cidade já está toda brilhante, anoiteceu e a lua dará seu ar de graça.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O ar que ocupa o lugar do vinho...


É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.
É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.
Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

sábado, 19 de novembro de 2011

Estranho

Foi um dia estranho.
Estranhos por tantos motivos,
um deles é que por algum motivo andei na rua buscando, nos rostos que iam e vinham, você
nos vagões do metrô parecia faltar alguma coisa,
nos meus olhos faltava amor,
eu esperava que dentro da minha bolsa viesse algum som, proveniente do meu celular e
que fosse uma ligação sua, que estivesse escrito seu nome na tela.
Foi um pouco vazio aquele dia, confesso. Mas eu esperei tanto que fosse você em várias circunstâncias.
Era 17:53hs a última vez que olhei no relógio, entrava noite a dentro e nada de você.
Andei sem rumo, não sabia mais onde era minha casa, onde me refugiar, queria ter te abraçado tanto. Me salvar de mim me ocupando de você.
Mas olha o que eu fiz, cuspi na minha história e dei risada do amor. Descarrilhei meu trem quando te deixei pra depois.
Mas que estúpido tudo isso, que estúpido é você.
Não me apareceu,
nem notícias se passa bem eu tive.
Isso tudo é uma grande pilantragem, uma merda, uma verdadeira grande merda, se preferir chamar assim. Vai, vai saindo de mansinho, sem encostar nas paredes e sem barulhos, antes que eu quebre todos esses pratos, copos e garrafas em você. E deixe a porta aberta, vou abrir todas as janelas também, preciso arejar todo esse ar que você deixou. Estou de mudança e quero deixar as coisas em ordem por aqui, chega. Até as nuvens estão dando espaço pra um azul anil tomar conta.

domingo, 13 de novembro de 2011

Sentada do lado da janela eu observo esse clima maluco
ora as árvores se embaraçam entre os galhos sobre efeito do evento
ora esse domingo toma um ar de  nostalgia com raios de sol timidamente realçando as cores das casas
Sinto espasmos e queria ficar assim por muito tempo, sem ouvir nenhuma conversa que me faça ficar a pá da situação lá fora.
Assim, no seu movimento natural as coisas parecem tão calmas,
parece que no domingo os corações tiram o dia para descansar, acalmar...
Esses passarinhos cantando me fazem pensar que ainda é cedo e, a rua está sem movimento
Ah, minha cidade, o que você me faz sentir aqui observando tudo isso é muito mais do que eu vejo

O cheiro de maçã e canela vem tomando o ar do quarto,
acho que o bolo está pronto.

sábado, 12 de novembro de 2011

Engula seco

Preciso de um tempo,
um tempo dessa chatice que o mundo se tornou
essa mesquinharia de conteúdo que são as pessoas
pegar umas férias de mim...
Preciso sair dessa polêmica que é a vida
Essa saturação de frescuras que me cansa
O mesmo papo, as mesmas discussões, os mesmos lugares
Não quero mais ter que ficar explicando e chegar num grande nada.
Ninguém está nem aí pra ninguém mesmo.
Vou ficar aí pra mim, agora.
E digo mais, esse espírito revolucionário de merda.
O que quero mudar realmente?
Quero me ausentar desse manicômio,
jogar de lado tudo isso,
se engulam, se matem, se destruam bem longe de mim.
Talvez tenha que ser tratado assim, na base do desprezo e da alienação.
Estou tão perdida, escrevo e apago, escrevo e apago, escrevo...
Sei lá o que eu quero, críticas de merda só porque não faço parte dos mesmos sonhos, das mesmas metas, da mesma roda.
Vão todos embora.
Quero ficar tranquila, vocês me deixam doente, vocês são doentes e eu sou uma alienígena, podem me enjaular em um observatório e babar em cima de mim como se fosse uma nova descoberta, animais!

Mais uma dose desse líquido alucinante e fervoroso e uma porção de saco,
a noite vai ser longa e eu preciso enlouquecer um pouco mais e meu saco pra toda essa patifaria está no fim.
Um grande dane-se quem puder.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Primavera

Deu três toques e foi embora. Ouvindo o barulho da porta Carina se apossou da angústia, não pelo batuque mas pelo interrompimento de uma saudosa felicidade que ia lhe subindo ao peito, despertando nos lábios sorridentes e, parou. Foi embora, nunca mais voltou. Quem foi, já não é mais e Carina fantasia, criando tipos, feições, jeitos e maneiras que poderiam ter sido parte do feitor daqueles toques em sua porta.

Deu dois toques e foi embora. Ouvindo um barulho distante, Carina se apossou da felicidade, não pelo interrompimento do batuque mas pela esperança de que o que quer que tenha sido, aconteceu. Foi embora mas, voltou mais uma vez. Quem foi, ainda é e Carina aperfeiçoava mais aquela feição, jeito e maneira que poderia ter sido e foi. Partiu e, nunca mais voltou.

Deu um toque e Carina foi embora. Mudou de casa, de bairro, de vizinhança. Quem quer que poderia ter sido e foi, não despertava mais a saudosa felicidade e nem respeitava a angústia que vivia em tempos difíceis naquela casa.

Durante essas linhas puladas, Carina viveu nos confins da alma, não sabia renascer e por isso passou por um bocado e que nem o vazio e constância dessas linha deixam explicar. Oh, pobre passarinho, a primavera chegou, envolva-se nessa espiritualidade de cores e perfumes. Respire todo esse ar de fora e varra todo esse pó de dentro, vem pra cá sentir o cheiro dessa madeira molhada e dessa brisa fresca dançando no vácuo entre as flores, deixe seus fios de cabelo dourado caminhar no leito desse rio, perca tudo. A primavera chegou.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pra uma grande amiga,

Aí Isa, queria poder resumir tudo que se passa por aqui, como quase congelei ontem a noite, vi meu braço ficando roxo com algumas pintas vermelhas, falar de sensações inigualáveis pelas quais coisas maravilhosas estão me fazendo passar, dias de céu extremamente azul e noites de frio congelante. Foram tantas e ao mesmo tempo tão pequenas minhas andanças por aí, mas me mudaram monstruosamente, aqui onde estou  não tem computador, nenhuma forma de rede me rastreia, estou livre como um pássaro mas presa à sobrevivência. Sinto não ter te escrito nos últimos meses, talvez, aqui nem o tempo me faz pressão.
Estou escrevendo essa carta com o que sobrou da semente de uma fruta aqui na amazônia, hoje a noite juntarei alguns bons galhos para fazer uma fogueira, aquele isqueiro que você me deu está sendo muito útil mas logo acabará o gás, que estou guardando racionalmente para dias de extrema utilidade. Achei uma semente de açaí ontem, apesar de amarga foi o açaí mais lindo e apetitoso da minha vida. Aprendi a me virar em poucas palavras, a gente só percebe o quão pequeno e inesgotável somos quando lidamos com a natureza de igual pra igual. Passei e passo muitas dificuldades aqui, não está sendo fácil, me permiti entristecer diversas vezes, no começo foi muito difícil.
Lembra do forasteiro que eu disse ter encontrado naqueles tempo, logo que me achei aqui? Pois é, só me resta uma vaga lembrança dele, às vezes se confundi com sonhos, ando sonhando muito. Sonhei com uma árvore de suco de soja sabor maçã, ontem, mas queria ter sonhado com o meu forasteiro. É que no momento não sei o que desejo mais, mas confesso que a árvore era tão apetitosa que podia ter sido real.
Aqui faz muito calor, tomo banho arriscando a vida em meio a peixes venenosos mas é uma aventura que eu me submeto com o maior prazer, gostaria de compartilhar meus dias de banho com você, uma felicidade tamanha, meu corpo floresce, meus pés gritam pra se enraizar nesse momento, minha mente desfruta cada gota d'água que vem de encontro á minha pele trêmula e sensível. Sinto falta de abraços, a natureza me abraça muito, mas quero sentir um coração alheio batendo no meu corpo. Sinto falta do calor de uma respiração enquanto falam comigo, sinto falta de vozes humanas.
Espero que as coisas aí estejam bem, que você ande tomando muito sucos de soja sabor maçã e dando muitos abraços e sentindo muitas respirações, quando sentir saudade me lembre e me diga bem baixinho que me ama. Minha amiga, eu te amo. Nem sei se ainda recebe minhas cartas, vai saber se não se mudou... mas essa sensação de estar falando com você me conforta, nos dias de extrema solidão e nos de felicidade tamanha.

Um grande beijo, com abraço, respiração e suco de soja sabor maçã.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Até...sempre

Quando por vezes decido me jogar no mundo
encontro você,
Algo a ver com o sentir,
sentir sua pele chamando a minha de macia
sentir seus lábios chamando os meus de insaciáveis
sentir seu olhar me impregnando de intensidade
sentir seu cheiro de orvalho no inverno,
quando o vento o joga e tira de mim.