quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Primavera

Deu três toques e foi embora. Ouvindo o barulho da porta Carina se apossou da angústia, não pelo batuque mas pelo interrompimento de uma saudosa felicidade que ia lhe subindo ao peito, despertando nos lábios sorridentes e, parou. Foi embora, nunca mais voltou. Quem foi, já não é mais e Carina fantasia, criando tipos, feições, jeitos e maneiras que poderiam ter sido parte do feitor daqueles toques em sua porta.

Deu dois toques e foi embora. Ouvindo um barulho distante, Carina se apossou da felicidade, não pelo interrompimento do batuque mas pela esperança de que o que quer que tenha sido, aconteceu. Foi embora mas, voltou mais uma vez. Quem foi, ainda é e Carina aperfeiçoava mais aquela feição, jeito e maneira que poderia ter sido e foi. Partiu e, nunca mais voltou.

Deu um toque e Carina foi embora. Mudou de casa, de bairro, de vizinhança. Quem quer que poderia ter sido e foi, não despertava mais a saudosa felicidade e nem respeitava a angústia que vivia em tempos difíceis naquela casa.

Durante essas linhas puladas, Carina viveu nos confins da alma, não sabia renascer e por isso passou por um bocado e que nem o vazio e constância dessas linha deixam explicar. Oh, pobre passarinho, a primavera chegou, envolva-se nessa espiritualidade de cores e perfumes. Respire todo esse ar de fora e varra todo esse pó de dentro, vem pra cá sentir o cheiro dessa madeira molhada e dessa brisa fresca dançando no vácuo entre as flores, deixe seus fios de cabelo dourado caminhar no leito desse rio, perca tudo. A primavera chegou.



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