quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Crie

Crie e descrie quantas vezes for preciso
até que incomode de novo e você se movimente
ocupe o espaço, saia da inércia.

Vamos parar com esse cinismo
somos várias caras mesmo
e disso estamos cansados de saber
e que bom que somos.

Imagina ter de ser o mesmo a vida inteira,
nem eu me aguentaria.

Ao invés de esperar, criemos!
Vivemos!
Brindemos!
Senhores, encham suas taças de vinho
damas, por favor, não desviem o olhar, entrem no jogo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Rosa dos ventos

A dança das estrelas
A valsa da Lua e do Sol
Me lembram que eu tenho que me soltar das suas mão, sou passarinho
Meu coração pulsa acelerado

Eu ando curiosa, os olhos perdidos e o pensamento longe
Na minha mala não levo nada para me achar
minha rosa dos ventos me leva pra fora daqui e pra dentro mundo
Porque eu não quero me encontrar com ninguém,
eu quero me perder por aí.
O amor vive em mim mas a liberdade corre pelas minhas veias, ela grita, pulsa e chora.

Mas às vezes só quero correr pra debaixo do cobertor e sentir seus braços e seu peito nu
e perceber seu coração, me encher com o seu sossego.

Mas tem a minha gente sofrida. E essa dor do mundo que me rasga.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Versinhos pra deixar

Uns versinhos para deixar
Deixar-se tocar
Sentir
Despir
Descobrir
Deixar-se permitir
Deixar-se ir
Deixar-se voltar
Deixar o vento entrar
Olhar o vento balançar
Deixar o vento derrubar
Deixar o sol na água dourar
Deixar mais tempo ficar
Deixar-se a hora esquecer
Deixar-se os lábios na pele umedecer
Deixar-se beijar
Derramar
Desfazer
Se recolher
Esparramar
Deixar tudo aqui e ir sem nada pro mar

Deixar o peito aberto
Deixar os olhos no horizonte
Deixar os pés paralelos
Deixar a pele tocar o chão
Deixar eu, deixar você
Deixar, sorrir e sonhar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E isso dói

Não tem a ver com o fato de ser nova
não tem nada a ver com estar em época de vestibular
não tem nada a ver com ser mulher
Não tem nada a ver com começar com um "Não"
Tem a ver com ser humano
ser feito para sentir e ser tocado.

Sinto uma dor esmagadora no peito
não sei dizer as dimensões que isso toma dentro de mim
só sei que dói.

Queria não ter medo do que outra gente como eu
poderá fazer comigo ou com quem eu amo
se saíssemos de madrugada pra conversar e aproveitar a lua.

O que estão fazendo com essas roupas?
Descansar!
Tirem suas armaduras enrijecedoras,
soldados, hoje não haverá guerra.
Ninguém fará um discurso, passando em cima de corpos,
dizendo que há um vencedor da guerra que acabou com as guerras.

Porque morte não gera vida e não é sinal de vitória.
Assassinos não só dos corpos dos quais fizeram o coração parar,
mas dos corações que ainda batem com a perda, aquela incalculável e dolorida.

Eu não sei explicar de dentro pra fora
às vezes não sai alguma coisa.
Mas eu sei da dor que me aperta o peito
da minha indignação que transborda.
Do meu grito interno que goteja por fora,
como se fosse suave mas a minha dor é absurda,
por eu não poder abraçá-los e dizer que tá tudo bem agora e pedir desculpa.

A vida se resumiria em deitar na grama e ver o céu de noite, deixar a lua iluminar, as estrelas brilhar, a cadente passar contente e eu olhar e entender que a vida é mais bonita mesmo olhando de baixo, sem submissão.