sábado, 24 de dezembro de 2011

The king and the queen

De volta pra mim aquela paz,
jogados na areia cheia de conchas,
você no meu colo,
eu com seu chapéu e sua camisa.
Chamados de "the king and the queen",
dançávamos na areia a luz da lua, na nossa melodia.
ao decorrer da noite nos descobrimos nos olhos
e nos encontramos no mar.
Ecoa na minha cabeça você me perguntando em inglês sobre a lua em português
e eu em francês,
Nossos corpos queimavam e quando fazia um minuto distante, te observando, éramos gelados e frios.
Falamos sobre Victor Hugo e Vinícius de Moraes,
demos "buondiorno" aos gatos pingados que passavam
e você me beijava na maçã do rosto, na testa e na boca
repetia sistematicamente coisas do tipo "Oh, the queen is so cute" e "Ela não é linda?" com aquele sotaque encantador.
Senti aí que é hora de ir embora.
Sua camisa ainda tem seu cheiro e estou num estado Alfa até agora.
Você é lindo ao amanhecer, preciso dormir e acordar com você,
vou te encontrar.

sábado, 17 de dezembro de 2011

E ninguém sabe

Devo escrever algumas coisas antes, não tudo mas alguns versinhos que machucam...

Estão me cansando,
me desgastando.
Minhas costas doem, meu nariz está sangrando e a enxaqueca está mais forte do que nunca,
estou mole e indisposta e preciso injetar vida no meu corpo
talvez isso seja o medo se manifestando, ou apenas o calor excessivo.

Estou dizendo um até logo para tudo isso,
talvez eu fique por lá mesmo, me descobrindo
a vida é muito mais que só isso que ela nos oferece.
Na mochila já estão minha dúvidas e inquietações, dentro de mim muito medo
Mas é isso, a partir de alguns dias estarei me jogando no desconhecido
e essa vida será passada, estou entrando nas profundezas e na parte intocada da minha vida, vou cutucar todas essas feridas e observar como o tempo se torna medicinal.
Estou fazendo o favor de não me importar com coisas que julgam importante, não quero mais saber de nada disso
Daqui uns dias será só eu e o mundo desconhecido.
Sem despedidas, meu coração bate forte de medo
sem despedidas boa parte de mim já foi e alguns perceberam,
agora falta a metade eu.
Na pior das hipóteses quero que me soprem no ar,
vou me proliferar e experimentar a liberdade,
Todos vão me respirar e me absorver,
vou estar em todos vocês, aí sim poderei dar a atenção de vida a todos sem que a ausência dessa me faça perder o homem da minha vida.
Cuidem-se, em algum lugar estarei fazendo o mesmo.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Amor é prosa, sexo é poesia

http://www.flickr.com/photos/16993543@N08/1889328191

                Somos  o depois da semente que foi plantada e o antes do fruto maduro que um dia cairá no chão e irá se desfazer, num processo irreversível como esse o medo é natural mas pouco sabem usá-lo como combustível para seguir adiante, se imaginam numa esteira e ficam a espera, a esperar não sei do que, não sei de quem, esperam tanto que quando perdem o medo já estão apodrecidos antes de amadurecerem.
                É ruim viver sozinho, então começa a busca selvagem por parceiros, somos capazes de tudo, vestimos personagens além do que achávamos ser capazes, em busca da reprodução basta parar e observar como somos tão animais quanto os outros. Todos em busca de amor, de alguém, de um parceiro, a razão na qual pode-se concluir que involuntariamente todos estão em busca do sexo. Uma mulher se veste para a outra, porque ela precisa ser mais bonita, lei da oferta e procura, há a necessidade de ser mais interessante pelo fato de que assim se interessarão por ela primeiro e desse jeito ela se sente mais segura em arranjar um parceiro, em busca de sexo.
               Fico pensando se talvez não seja por isso que o homem e a natureza não sejam tão ligados, digo isso porque ninguém procura viver com mais contato com a natureza, apenas se sentem melhor na presença de uma parte dela. Penetrando na natureza não existe uma forma física de grande intensidade que mexa com todo o seu sistema, não existe uma reciprocidade como uma relação humana, ficando apenas no desejo não achamos uma forma que se assemelhe a unificação das almas e o sentimento caloroso e intenso do sexo entre seres humanos. A verdade é que para sentir-se inteiramente ligado e se unificar a ela é necessário uma grandeza de espírito muito superior, uma espécie de espírito cósmico elevado.
               Ambas são relações muito bonitas, é o físico em busca de algo mais, de se perder em outro corpo, em outra matéria, de saber o que tem além do que se vê, uma forma pura e que nem a tecnologia nem nada futurístico conseguirá suprir essa necessidade e a natureza do homem, os poucos vestígios que sobraram da conexão entre o homem e a natureza. É a vida se enchendo de intensidade e explodindo em vida, vida pura, da fonte.
              Então não tem nada de mais e pervertido, indelicado, em falar sobre sexo. Tão natural quanto ir ao banheiro, quanto sentir sede e beber água, sentir calor e querer um banho gelado, ver o sol e se imaginar na praia, querer e poder falar sobre sexo sem repressões, é nisso que se encontra a fonte da vida.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Perfume




















Deixe-me ver tudo isso começar de novo
pelo meu corpo passeiam de quando em quando sensações
Respiro fundo e sinto o cheiro da vida
o ar gelado e fresco, feito na hora.
Um novo dia e um novo ciclo de coisas começando
por entre o vidro embaçado posso ver o asfalto molhado.
Aqui fora sinto a evaporação das águas de ontem.
A vida começou de novo,
desprendendo de mim, me despeço de toda essa patifaria.
Tô vivendo a base de sopa.
Agora saia, por favor.
Somos frascos que sobraram daquela fragrância afável e nos quebramos em mínimos cacos a cada toque, desabite.
Tô vivendo a base de perfumes.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aujourd'hui, c'est le vin

           Não me leve a mal por eu ter começado a frase negativamente. Hoje essa chuva toda me trouxe muita felicidade, vi a água escorrendo pelas telhas transparentes, meu celular deu sinal de nova mensagem, era meu passarinho falando da chuva também. Ora, a quem estamos enganando, não foi chuva, o céu chorou de felicidade. Quando ganhei a rua o sol tomava conta entre as nuvens, o cheiro de asfalto molhado e o contraste das cores me amou.
         O planeta está tomado pelo efeito estufa, aqui dentro, as terras estão contaminadas de egoísmo, as ruas cheias de manifestações, no poder a corrupção exala mal cheiro, pelos cantos vidas vazias. 
       O clima na cidade tá pesado, vejo a ilusão transbordando das pessoas, olhares perdidos, todos seguindo o fluxo. A criatividade e a vida ficaram pra próxima, o amor virou outra coisa. Hoje as pessoas amam a matéria, o "por dentro" não existe mais. Tenho a liberdade de te usar a meu favor, de te amar todos os dias com felicidade e carinho. Um amor que não precisa da certeza de dois corpos, e muito mais que isso, a certeza de que você é meu. Posso sentir na sua presença e nos seus olhos, seu toque é doloroso e minha pele quase chora, é quando o amor da alma encontra o desejo do físico. Respeito sua companhia, somente porque meu amor é a forma mais pura e verdadeira que arranjei de me fazer feliz e me torturar. Se quiser me amar, também. Não sei se você ainda vai demorar muito, só peço que não demore, a garrafa de vinho está no fim e  estou a beira de jogá-la contra a parede, só tem duas taças e uma é minha. Vou destrancar a porta e acender o incenso, perfumar a casa, dar uma ajeitada no sofá e tirar essas coisas de cima da mesa. Vou dar play e o Chico vai invadir a sala com seu jeito de fazer bossa. O dia é feito pra te encontrar, até me perder.

domingo, 27 de novembro de 2011

EU TE AMO.

Sei viver longe de você, porque esse amor me basta, me enche de você todos os dias. Sou dona disso tudo, tenho tudo isso em mim, é bonito porque só eu te sinto todos os dias e você é tão meu que eu me permito te amar além do que recebo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Entra e toma um chá


Pensando bem, meu bem,
não foi uma boa ideia.
Pensando bem, não vai dar
A chuva apertou e meus pés estão frios demais,
minha sandália molhou e meu guarda-chuva ainda não secou.
Pensando bem, meu bem
Estou buscando desculpas que justifiquem a minha fraqueza,
a desculpa sou eu hoje.
Não estou nem pra mim, dê uma volta por aí,
a campainha quebrou, tirei o telefone do gancho, hoje decidi me perder por aqui.

Ouvi dizer que a plantação de cerejas está indo bem.
Fico feliz por você, aliás, não fico tanto, talvez nem fique.
Mas fica vai, entra e toma um chá,
tenho um clima confortável em mim e você pode ficar aqui o tempo que quiser,
As luzes da árvore de natal já estão acesas e a sala está aconchegante agora,
Mas fica vai.

As coisas já estão encaixotadas,
Vou te emoldurar e deixar guardado no fundo de uma das caixas.
Só vou abrir quando a saudade se mudar de mim,
Vou te ver naquele quadro e te xingar mas no final vou te amar de novo e vai ser bom, juro que vai ser bom
Agora vou permitir me amar, vou me curtir.

Lá fora o céu anoiteceu a cidade, agora vejo muitos pontos de luz.
Vou abrir a janela e deixar o sereno entrar,
Essa noite quero que todos sintam o amor.
Se permitam invadir por ele
Vamos, a cidade já está toda brilhante, anoiteceu e a lua dará seu ar de graça.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O ar que ocupa o lugar do vinho...


É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.
É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.
Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

sábado, 19 de novembro de 2011

Estranho

Foi um dia estranho.
Estranhos por tantos motivos,
um deles é que por algum motivo andei na rua buscando, nos rostos que iam e vinham, você
nos vagões do metrô parecia faltar alguma coisa,
nos meus olhos faltava amor,
eu esperava que dentro da minha bolsa viesse algum som, proveniente do meu celular e
que fosse uma ligação sua, que estivesse escrito seu nome na tela.
Foi um pouco vazio aquele dia, confesso. Mas eu esperei tanto que fosse você em várias circunstâncias.
Era 17:53hs a última vez que olhei no relógio, entrava noite a dentro e nada de você.
Andei sem rumo, não sabia mais onde era minha casa, onde me refugiar, queria ter te abraçado tanto. Me salvar de mim me ocupando de você.
Mas olha o que eu fiz, cuspi na minha história e dei risada do amor. Descarrilhei meu trem quando te deixei pra depois.
Mas que estúpido tudo isso, que estúpido é você.
Não me apareceu,
nem notícias se passa bem eu tive.
Isso tudo é uma grande pilantragem, uma merda, uma verdadeira grande merda, se preferir chamar assim. Vai, vai saindo de mansinho, sem encostar nas paredes e sem barulhos, antes que eu quebre todos esses pratos, copos e garrafas em você. E deixe a porta aberta, vou abrir todas as janelas também, preciso arejar todo esse ar que você deixou. Estou de mudança e quero deixar as coisas em ordem por aqui, chega. Até as nuvens estão dando espaço pra um azul anil tomar conta.

domingo, 13 de novembro de 2011

Sentada do lado da janela eu observo esse clima maluco
ora as árvores se embaraçam entre os galhos sobre efeito do evento
ora esse domingo toma um ar de  nostalgia com raios de sol timidamente realçando as cores das casas
Sinto espasmos e queria ficar assim por muito tempo, sem ouvir nenhuma conversa que me faça ficar a pá da situação lá fora.
Assim, no seu movimento natural as coisas parecem tão calmas,
parece que no domingo os corações tiram o dia para descansar, acalmar...
Esses passarinhos cantando me fazem pensar que ainda é cedo e, a rua está sem movimento
Ah, minha cidade, o que você me faz sentir aqui observando tudo isso é muito mais do que eu vejo

O cheiro de maçã e canela vem tomando o ar do quarto,
acho que o bolo está pronto.

sábado, 12 de novembro de 2011

Engula seco

Preciso de um tempo,
um tempo dessa chatice que o mundo se tornou
essa mesquinharia de conteúdo que são as pessoas
pegar umas férias de mim...
Preciso sair dessa polêmica que é a vida
Essa saturação de frescuras que me cansa
O mesmo papo, as mesmas discussões, os mesmos lugares
Não quero mais ter que ficar explicando e chegar num grande nada.
Ninguém está nem aí pra ninguém mesmo.
Vou ficar aí pra mim, agora.
E digo mais, esse espírito revolucionário de merda.
O que quero mudar realmente?
Quero me ausentar desse manicômio,
jogar de lado tudo isso,
se engulam, se matem, se destruam bem longe de mim.
Talvez tenha que ser tratado assim, na base do desprezo e da alienação.
Estou tão perdida, escrevo e apago, escrevo e apago, escrevo...
Sei lá o que eu quero, críticas de merda só porque não faço parte dos mesmos sonhos, das mesmas metas, da mesma roda.
Vão todos embora.
Quero ficar tranquila, vocês me deixam doente, vocês são doentes e eu sou uma alienígena, podem me enjaular em um observatório e babar em cima de mim como se fosse uma nova descoberta, animais!

Mais uma dose desse líquido alucinante e fervoroso e uma porção de saco,
a noite vai ser longa e eu preciso enlouquecer um pouco mais e meu saco pra toda essa patifaria está no fim.
Um grande dane-se quem puder.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Primavera

Deu três toques e foi embora. Ouvindo o barulho da porta Carina se apossou da angústia, não pelo batuque mas pelo interrompimento de uma saudosa felicidade que ia lhe subindo ao peito, despertando nos lábios sorridentes e, parou. Foi embora, nunca mais voltou. Quem foi, já não é mais e Carina fantasia, criando tipos, feições, jeitos e maneiras que poderiam ter sido parte do feitor daqueles toques em sua porta.

Deu dois toques e foi embora. Ouvindo um barulho distante, Carina se apossou da felicidade, não pelo interrompimento do batuque mas pela esperança de que o que quer que tenha sido, aconteceu. Foi embora mas, voltou mais uma vez. Quem foi, ainda é e Carina aperfeiçoava mais aquela feição, jeito e maneira que poderia ter sido e foi. Partiu e, nunca mais voltou.

Deu um toque e Carina foi embora. Mudou de casa, de bairro, de vizinhança. Quem quer que poderia ter sido e foi, não despertava mais a saudosa felicidade e nem respeitava a angústia que vivia em tempos difíceis naquela casa.

Durante essas linhas puladas, Carina viveu nos confins da alma, não sabia renascer e por isso passou por um bocado e que nem o vazio e constância dessas linha deixam explicar. Oh, pobre passarinho, a primavera chegou, envolva-se nessa espiritualidade de cores e perfumes. Respire todo esse ar de fora e varra todo esse pó de dentro, vem pra cá sentir o cheiro dessa madeira molhada e dessa brisa fresca dançando no vácuo entre as flores, deixe seus fios de cabelo dourado caminhar no leito desse rio, perca tudo. A primavera chegou.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pra uma grande amiga,

Aí Isa, queria poder resumir tudo que se passa por aqui, como quase congelei ontem a noite, vi meu braço ficando roxo com algumas pintas vermelhas, falar de sensações inigualáveis pelas quais coisas maravilhosas estão me fazendo passar, dias de céu extremamente azul e noites de frio congelante. Foram tantas e ao mesmo tempo tão pequenas minhas andanças por aí, mas me mudaram monstruosamente, aqui onde estou  não tem computador, nenhuma forma de rede me rastreia, estou livre como um pássaro mas presa à sobrevivência. Sinto não ter te escrito nos últimos meses, talvez, aqui nem o tempo me faz pressão.
Estou escrevendo essa carta com o que sobrou da semente de uma fruta aqui na amazônia, hoje a noite juntarei alguns bons galhos para fazer uma fogueira, aquele isqueiro que você me deu está sendo muito útil mas logo acabará o gás, que estou guardando racionalmente para dias de extrema utilidade. Achei uma semente de açaí ontem, apesar de amarga foi o açaí mais lindo e apetitoso da minha vida. Aprendi a me virar em poucas palavras, a gente só percebe o quão pequeno e inesgotável somos quando lidamos com a natureza de igual pra igual. Passei e passo muitas dificuldades aqui, não está sendo fácil, me permiti entristecer diversas vezes, no começo foi muito difícil.
Lembra do forasteiro que eu disse ter encontrado naqueles tempo, logo que me achei aqui? Pois é, só me resta uma vaga lembrança dele, às vezes se confundi com sonhos, ando sonhando muito. Sonhei com uma árvore de suco de soja sabor maçã, ontem, mas queria ter sonhado com o meu forasteiro. É que no momento não sei o que desejo mais, mas confesso que a árvore era tão apetitosa que podia ter sido real.
Aqui faz muito calor, tomo banho arriscando a vida em meio a peixes venenosos mas é uma aventura que eu me submeto com o maior prazer, gostaria de compartilhar meus dias de banho com você, uma felicidade tamanha, meu corpo floresce, meus pés gritam pra se enraizar nesse momento, minha mente desfruta cada gota d'água que vem de encontro á minha pele trêmula e sensível. Sinto falta de abraços, a natureza me abraça muito, mas quero sentir um coração alheio batendo no meu corpo. Sinto falta do calor de uma respiração enquanto falam comigo, sinto falta de vozes humanas.
Espero que as coisas aí estejam bem, que você ande tomando muito sucos de soja sabor maçã e dando muitos abraços e sentindo muitas respirações, quando sentir saudade me lembre e me diga bem baixinho que me ama. Minha amiga, eu te amo. Nem sei se ainda recebe minhas cartas, vai saber se não se mudou... mas essa sensação de estar falando com você me conforta, nos dias de extrema solidão e nos de felicidade tamanha.

Um grande beijo, com abraço, respiração e suco de soja sabor maçã.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Até...sempre

Quando por vezes decido me jogar no mundo
encontro você,
Algo a ver com o sentir,
sentir sua pele chamando a minha de macia
sentir seus lábios chamando os meus de insaciáveis
sentir seu olhar me impregnando de intensidade
sentir seu cheiro de orvalho no inverno,
quando o vento o joga e tira de mim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

TIRANDO O PÓ


Fico pensando, com tanta gente indo nessas manifestações, com tanta gente acordando e discutindo sobre política, por que nada muda? Aonde está o erro quando ao nosso ver parecemos estar fazendo tudo certo?
Tá faltando o espírito revolucionário, a auto confiança, acreditar no que você tá fazendo, gritando, tem que se questionar por que não tá bom, por que tanto poder na mão de poucos e  miséria na boca de muitos. Não basta só dizer não à corrupção. Não podemos só depender da divulgação da mídia, temos que nos garantir.
Fala-se muito em manifestação pra lá, manifestação pra cá, mas numa propaganda eleitoral um candidato que diz não saber o que faz um deputado e ri da sua cara que é eleito, um cantor famoso é eleito sem dizer nada, um jogador de futebol é eleito pela sua carreira brilhante. E tem gente que acha que isso foi um grande protesto contra a política. Foderam com o país inteiro, a diferença é que dessa vez foi conscientemente. O que acontece se ninguém for votado? Se mais da metade do país não votar em ninguém? Estamos em liberdade disfarçada, maquiaram as jaulas e estamos ocupados demais tentando sobreviver em meio ao caos que não temos tempo para perceber que a chave desse cadeado que nos prende está debaixo do nosso nariz.
Ótimo que essas manifestações estejam tomando novos rumos que não sejam só a avenida paulista, ótimo que não estejamos dependendo tanto da divulgação da Globo no Jornal Nacional.
Não consigo entender, chama-se a polícia e gera-se revolta por um trombadinha que te assalta na rua, mas os ratos podres do congresso que te roubam descaradamente a todo momento destruindo qualquer valor humano que ainda possamos ter, nos fazendo animais selvagens babando raivosamente atrás de mais e mais dinheiro, em busca de sobrevivência e mais do que isso, em busca de ostentação, pensado ser isso a paz, não fazemos muito, nem se quer chamamos a polícia. Se gritar pega ladrão, não sobra um. Tudo farinha do mesmo saco, se acham poderosos e a mídia numa sátira os chamam de "Poderoso Chefão", poderoso o caralho. Poderoso é o povo brasileiro que tá com fome e continua na luta por moradia, por saúde, por educação, com fome de vida e que continua com esperança. Esses podres do DF são meros vírus do sistema. São ratos que se infiltram no encanamento e se atolam de tanta sujeira, tenho nojo, repugnância desse tipo de gente, cuspiria em cima de suas ideologias políticas, não valem o que comem, não merecem nosso respeito tão pouco nossa compreensão. O número de cabeças abaixadas para o que fazem ou dizem será menor, estamos em tempo de vacas magras. Saímos do jogo da cobra-cega e montamos um campo minado, qualquer pisada em falso e te engoliremos vivo, querido.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Congestionado, o nariz dela apenas refletia a real situação dentro de seu corpo. Ninguém sentia, ninguém escutava, ninguém se importava, todos fingiam. Foi um grande espetáculo, um show de horrores que merecia ser aplaudido de pé e aos  prantos. Saindo dali ela procurava em coxias o que estava perdido na platéia. A encenação do século, o medo e a angústia dela no palco era tão real que a platéia fingia se chocar. Brutos, ninguém pensava. As palmas ecoavam como um grande vazio e a poltrona fofa confortava a bunda de todos aqueles sedentários que assistiam, grandes atores, todos fingiam. Ninguém partilhava aquele sofrimento, não entrava na alma, nem mesmo cutucava o tecido da pele, todos estavam à vontade. Frustrada, a linha era muito tênue entre a desistência e a revolta e ela beirava a insanidade, se embriagava de vazios e nada fazia tanto sentido como aquilo, quem ensinou?! como ela sabia de tudo isso?! Todos sabiam, mas ela descobriu um furo em sua capa e viu as coisas de fora, foi desumano.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Me perdi na minha bagunça
estou presa em pensamentos vazios
penso que estou vazia.
Queria que a minha sensação desse momento se transmitisse em palavras, com certeza seria as palavras mais pesadas e obscuras já escritas por mim.
Uma coisa banal desencadeou isso em mim, mas por algum tempo isso vinha dando colapsos. Agora explodiu em pequenos fragmentos que estão rolando por dentro, e rola num ritmo intenso, me apavora. Esse vazio, essa fraqueza. Nem o café me cura mais. Estou desgastada de pessoas, de mim, de sentimentos.
A inquietude da minha alma se desespera em meu corpo
Estou apavorada,
há momentos do meu dia que uma dor me encobre de tal maneira que se fosse fisicamente seria como a última camada da minha pele viva, a mostra.
Minhas veias transportam vibrações,
penetram de um jeito que minha mente foge dessa frustração e vai para lugar nenhum.
Perdida, sem rumo eu me sinto num grande vazio. Quero sair daqui.
Estão me tragando, e eu estou me deixando... preciso de uma dose de sanidade.

sábado, 24 de setembro de 2011

Ando meio covarde também

Ando meio alagada de coisas
estou no meio de um caos de responsabilidades
deveres que devem ser cumpridos, metas, objetivos e muitas decisões
Ando meio covarde também, tão covarde que me falta coragem de organizar esses versos em um parágrafo,
ao invés disso prefiro jogar, cuspir, esses devaneios.

Sinto a arte no meu dia-a-dia e isso me deixa exausta de tanta empolgação,
estou embriagada de tantas pessoas queridas e coisas escandalosamente encantadoras que elas me trazem.
Ao mesmo tempo, me sinto vazia, sempre em busca, à procura...
do que e aonde encontrar é o que menos me importa, vou mudando, me configurando, me moldando até o dia que eu ache a minha forma, mas sinceramente, espero que isso demore. Não, prefiro ter muitas formas ao decorrer da vida, e que elas se encaixem perfeitamente em mim, tão perfeitamente que faça crescer e estar pronta para desenformar mais uma vez.
Sei bem do que pensam das coisas que eu penso e acho graça. Me incomoda imensamente viver do jeito que se deve viver, quero o inesperado, o imprevisível, o imprevisto, às vezes faz tão bem.

domingo, 28 de agosto de 2011

São Paulo, xx de xxxxxx de xxxx

Ontem fui visitar um centro espírita, o qual tem um projeto para alimentar e doar roupas para os moradores de rua, similar ao nosso projeto do Artefato. Pois bem, fui lá ver como era. Chegamos no finalzinho da "preparação espiritual" e ajudamos a embarcar as coisas nos carros. Levamos sopas, lanches, sucos, café, chocolate quente e roupas. Entramos no carro e tudo fluía muito bem, o sentimento era de ansiedade, pois nunca tinha ajudado tanta gente que precisa, assim, dando atenção. Chegamos na primeira "parada" e alguns moradores já começaram a aparecer. Um casal, a mulher engravidou e seu filho foi tirado de seu ventre direto para o conselho tutelar, já não se trata só de uma moradora de rua, estamos falando de uma mãe que teve seu filho tirado de seus braços e sem argumentos que justificassem a permanência da criança ao seu lado, ela partiu e sabe lá quando essa mãe verá seu filho novamente. Fiquei sem saber o que pensar da situação, ao mesmo tempo que é cruel tirar um filho dos cuidados e carinhos da mãe, que assistência essa poderia dar para que essa criança cresça saudável? Para que tenha uma educação. Como era de se esperar eu cheguei a conclusão de que a resposta sempre seria o sistema. A culpa de tantas pessoas na rua, a culpa de filhos arrancados de seus leitos maternos, a culpa pelo aumento da marginalidade, afinal temos que viver, e a sobrevivência nos torna primatas, somos capazes de tudo. E o sistema, também é capaz de tudo, mas esse tudo só nos tritura com insignificância. Todos querem vida mas são poucos que sabem o que fazer com ela. 
Fomos para outra parada, grande senhor apelidado de "Mick Jagger", nos deu uma aula de sanidade, pediu que orássemos, eles oraram, dei as mão com a minha energia concentrada para que essa possa acrescentar amor e esperança naquela alma, não rezei mas desejei todo o bem para ele. Cada um tem sua crença, alguns precisam se firmar em algo que não há explicação para criar um sentimento de fé e esperança, se ele precisava disso, eu respeito. Pedi um abraço dele antes de ir embora, enquanto me abraçava ele me dizia: "Obrigado, obrigado mesmo. Você não sabe o quanto eu precisava desse abraço." Uma lágrima caminhou por minhas maçãs do rosto e se afogou em minha boca, desisti de buscar palavras, ele não precisava e nem esperava por uma resposta, o meu abraço disse tudo.
Em seguida veio o "Saron" Guimarães, um poeta e escritor. Saiu de casa cedo, teve uma vida muito difícil nas ruas, meus olhos gritavam de desespero e revolta, explodia em lágrimas. Era seu aniversário, cantamos o "parabéns" e ele agradeceu dizendo que ele não é "coitadinho" mas mesmo não sendo a família dele cantando, o "Parabéns" foi tudo que ele queria aquela hora. Nos recitou alguns de seus poemas, dizendo pedir licença para a constelação para poder falar das estrelas. Meu Brasil, o que você está fazendo com seu povo? Um homem apaixonado por São Paulo, um poeta, um escritor, um brasileiro, um paulistano orgulhoso.  Engraçado ele dizia a todo momento que não é e nunca foi "coitado", um morador de rua disse isso, meu povo. E homens e mulheres bem sucedidas em suas carreiras, com status e se fazendo de coitado, políticos em rios de dinheiro mentindo, se vitimizando. Meu Brasil, quando você vai perceber o que está fazendo com nossos artistas, com poetas, com cultivadores da nossa língua? Um país de todos? Qual a sua cara? Qual é o seu negócio?... confia em mim?
Mais adiante encontramos o Sandro. Natural da Paraíba, que lugar maravilhoso, que pôr-do-sol! Perdeu os pais e veio pra São Paulo com a Irmã, a qual casou e pediu para que Sandro fosse embora. Esse foi embora sem nada, deixou tudo pra trás e foi embora com sua bolsa de lado. Chorava a todo momento enquanto conversava comigo, e eu o acompanhava. Foi atrás de outros parentes no Rio de Janeiro e o que recebeu foi apenas rejeições, mas como é outro apaixonado por São Paulo, voltou para ruas da Capital. Ele fez uma queixa que me comoveu muito. "Eu vou encostar nas pessoas porque eu sinto falta de alguém pra conversar, é muito ruim você ser sozinho, e elas se afastam, te ignoram, como se eu não fosse nada, isso é muito, a gente se sente um nada, como se não existisse" Como se não existisse? Cade os seres humanos? CADÊ A HUMANIDADE? Não basta só sapiens, é preciso saber fazer parte do Homus. Vocês são os animais, vocês são os desumanos,  vocês não percebem que eles são tão humanos quanto vocês. Engula seu egocentrismo e finja que você vive, não sabe nem ser humano como vai saber viver? É indescritível a revolta que toma conta de mim por essa situação, queria poder gritar e expressar no meu grito tudo que eu sinto e que esse grito ecoasse por todos os cantos e fizesse parar tudo por um tempo, para que cada um pensasse no que está emitindo para o mundo, o que estamos fazendo com nossa raça. Ó mãe natureza  só você pode servir de exemplo e nos salvar. Purifique esse mundo. Entre nesses corpos, nessas máquinas, e os façam criar uma alma dentro deles 
Enquanto distribuíamos os lanches e a sopa e as roupas, eles ficavam segurando o lanche e vinham conversar. Mal sabe vocês que embaixo desses viadutos e espalhado pelas calçadas muita história habita, onde mora o retrato da nossa sociedade, esse é o grande problema. Aparecemos na foto como protagonistas, quando na verdade somos coadjuvantes. O meu Brasil, a minha São Paulo está na rua, está com fome, morrendo de frio, desemparado, sozinho. Se não salvarmos nosso povo, o mundo caminhará cada vez mais rápido para a autodestruição da raça humana.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cinema natural

Com gestos suaves abrace meu corpo
quero verdade nesse abraço
Estou numa fase em que quero a verdade de tudo
escorregue seus braços nos meus e se afaste para olhar em meus olhos
quero sentir o barulho das folhas de outono
caindo no banco da praça
quero ouvir os pássaros se movimentando nas árvores
tocar a paz natural da natureza
Por isso não venha para ficar
entenda que meu espírito não é desse mundo,
não fui feita para pertencer
Não curo feridas,
por isso não venha machucado
tenho ânsia de sentimentos que não sei como explicar
só não me faz fazer parte de complicações
estou procurando evitar aborrecimentos.
Intensidade, quero ela infiltrando em minha pele
ventos brincando desordenados com meus fios de cabelo embaraçados
Só me diga em silêncio,
para não atrapalhar a paz lá de fora.
Respeito os passarinhos.
Pode sentar-se, na natureza tudo é free
jogue fora os celulares e permaneça observando.
Só me diga em silêncio,
para não atrapalhar a paz lá de fora.


Tenho um turbilhão de coisas pra falar, sobre como minha vida mudou em uma semana, como minhas férias de Julho se tornaram decisivas pra minha escolha de futuro, sobre como sinto minha alma hoje, como o ar estava seco essa tarde, como Foz do Iguaçu é lindo e meu amor pelo Brasil é gigante, como muitas coisas que quero compartilhar e não sei como.
Após um ano e meio mergulhada no mundo dos números, fazendo Edificações, finalmente concluí. Não seguirei na área mas valeu a pena tudo, não só pela tal da experiência, mas pelas almas fantásticas que tive a oportunidade de conhecer. Fizemos uma viagem, com destino para Foz do Iguaçu. Grudei meu rosto na janela, queria poder sair dali, daquele conforto, queria sentir como é o vento lá fora, como é correr e sentir o vento desviando do meu corpo, o clima de sossego e "deixe estar" que tem as árvores lá fora é de uma inveja matadora. O dia foi amanhecendo e a máquina não queria tirar foto, percebi então que seria só eu e minhas lembranças, só eu sei como foi lindo aquele amanhecer, você devia ter visto.
A vegetação rasteira e algumas árvores, poucas, distribuídas, sem ordem, por ali pareciam anunciar uma espécie de "Boas Vindas", um convite para conhecer o "lá fora" e aquele sol que se fazia gigante, tomando pra si aquela imensidão de azul, tão maravilhoso que nem as nuvens se atreveram a interromper.
Tinha conhecimento da minha paixão por arte, mas desde então nada igual tinha se manifestado, comecei a fazer teatro, minhas férias todas cuidei de me dedicar ao meu amado mundo artístico, mas isso é uma questão que causa conflito em mim, afinal em que ponto sabemos o que é arte, arte não pode ser tudo, ou pode? é banalizar dizer que tudo é arte ou é amplificar a visão de mundo? Passei minhas férias de inverno com meu grupo, ARTEFATO , cheio de corações, almas, corpos, inundados de arte. E minha vida se fez grande nesses dias.
Hoje, estou estagiando, gosto do que eu faço, tanto pelo aprendizado, quanto pelas pessoas. Mas eu quero mais contato, quero a expressão, quero o gesto. E o que eu suspeitava ficou certo, certo de que exatas não é o meu rumo, decidi por artes visuais mas continuarei no meu estágio, fui sincera na entrevista, não podia e nem queria esconder a minha paixão, como seria possível me esconder dentro de mim? Mesmo assim fui admitida, é arte em fusão.
Ao entrar na Gv hoje, reparei em um anúncio de oficina de dramaturgia, onde quem participar terá um ateliê... ou seja, perfeito pra quem quer o que eu quero: viver de arte. Meu coração se fez miúdo dentro do meu peito e a sensação é de que se ele pudesse, choraria. O horário da oficina bate com o horário do meu estágio. Mas que droga, o que eu tô fazendo? Dinheiro, queria não precisar dele pra nada. Não quero muito mesmo, não quero ostentar, nem ser rica um dia, quero viver bem, em plenitude, quero viver de arte. O dinheiro parece que nos distancia da racionalidade e da emoção, nos faz agir como selvagens, egoístas, desumanos. Não quero, quero ser humana, quero me sentir de corpo, alma, mente e coração. Imagino que você esteja cansado de minhas palavras, vou entender se fechar essa janela, aprendi com Machado de Assis que interagir com você é o melhor jeito de te entreter até o final do que tenho pra falar. Viu? Te trouxe até o final dessa frase, sem falar NADA.
Pois bem, vou tratar de guardar esse dinheiro do estágio e fazer de investimento para um próx. trabalho, com arte. Não pretendo passar no vestibular esse ano, ainda falta algumas coisas para descobrir antes da faculdade, quem disse que a ordem natural das coisas é essa? sair do Ensino Médio e ir direto pra faculdade?! Minha escolha já está feita, mas isso é só o começo.
Ah, outra coisa que me entristece, é o fato de não poder mais assistir meus queridos "TITO MARTINO" tocando jazz ao meio-dia e meia. Mas tudo bem, é uma questão de paciência.
As coisas aqui dentro estão diferentes, sinto que estou em um estado que me descubro a cada dia, é uma vontade de contato, desesperada, com mundo, o querer perceber, sentir, reparar sem explicar, inquietar, silenciar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Melhor no futuro?

Terminei de ler "A morte de Ivan Ilitch" do Lev Tolstói, e após a leitura fiquei na seguinte dúvida "existe um jeito decente de se viver?" Será que a felicidade é alcançada plenamente quando temos um matrimônio, imóveis, carreira bem sucedida, poder aquisitivo, status. Será que a ideia que fazemos de felicidade é só uma maneira diferente de dizer "status". Afinal quando buscamos o melhor, estamos a procura do que é melhor para nós, do que nos faz bem ou do que será bem visto?
A felicidade é algo muito relativo, as pessoas são muito fracas, tamanha é essa fraqueza que elas precisam se apoiar em algo material, concreto, ou algo que passe pela afirmação de outros para que realmente se confirme que é certo e assim te trará felicidade. Mas se é relativo, de que vale a opinião pública?
Eu respondo, se essa opinião é corrompida de nada vale, até porque a real intenção é alcançar a felicidade, é ter um padrão de vida do "jeito que se deve ter", e aí as pessoas se matam de trabalhar, para terem dinheiro não só pra sobreviver mas para ostentar, para acariciar o ego, e quanto mais perto do alcance material e luxuoso, mais longe ficamos da felicidade. Quando cativamos coisas materiais, depositamos algum apego a estas, porém isso não é correspondido e a certeza de que precisamos de mais para preencher esse vazio, até que sejamos suficientes, é infinita, vamos em busca de mais, sempre mais. E se o segredo estivesse no menos, no bem menos necessidade, no menos rótulos, menos apego, menos status. Estamos falando de vida, meus caros. E a tal da música que dizia ver a vida melhor no futuro e por cima do muro de hipocrisia? Talvez eu seja uma hipócrita, após tal reflexão, me pego na mesma situação, estamos em um barco em naufrago, não temos nada e queremos sempre mais, mas esse mais nunca é suficiente, nunca alcançaremos, só tem água em volta e estamos a procura de terra. E se estivéssemos a procura de terra? Como seria? Pularíamos nesse mar e deixaríamos que toda esse exagero de azul alimentasse nossa alma com tamanha precisão que alcançaríamos o ápice da vida, e assim encontrar a felicidade. Ou estaríamos na busca de mais, será que seriamos assim insaciáveis?

sábado, 21 de maio de 2011

Desvaneios

Saudades dos dias nostálgicos de veraneios
A brisa leve que se acomodava em meus ombros
O doce cantar do vento entre os espaços não ocupados
O sol querendo ser grande, o grande notável

Veraneios que me acolheram em seus braços
ondas de felicidade causando inundações no espírito
Versos elaborados pelo caminho
Tropeço pelo caminho, versos atropelados pelo destino

Braços dos dias de extrema falta
Falta que em meu coração se acomoda
Doce sorrisos num espaço perdido do tempo
E o Sol querendo ser grande.
E foi o calor dos corpos o culpado por tamanho desvaneio
Ondas sonoras de olhos que me diziam tudo
Caminhos feito sob versos
Caminho tropeçado,
destino atropelando tudo.
Sinto o hoje penetrando nos poros da minha pele, se acomodando dentro de mim, me fazendo grande, grande notável. Foi o calor desse sol e dessa tarde de sábado o culpado. Volto ao ponto inicial, a raiz como forma de origem, viemos sem nada, voltemos sem nada, a alma me faz o que nenhum ser inanimado me faz... tão eu.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ASSALTO

Hoje fui assaltada, é incrível como uma cidade como São Paulo tão grande e tão populosa deixa a desejar em segurança. Fui assaltada em plena Ladeira Porto Geral, a ladeira que dá acesso à uma das regiões mais conhecidas de São Paulo, a 25 de Março. Acho que isso é o preço que se paga por ser paulistano, não sabemos até quando o que temos durará, é tão tudo leviano, talvez como tenha que ser. Me levaram a mochila com tudo dentro, fiquei comigo apenas, foi o que restou, ou talvez tudo que eu sempre tive foi tudo isso: eu.

NÃO!

Esse seria um relato de um assalto comum, ninguém se surpreenderia, talvez não se surpreendam com a história real também, afinal é tão comum quanto o fato acima relatado. Fui assaltada dentro de casa, da escola, andando na rua, entrando no ônibus, até dormindo eu fui assaltada. Tudo começa mais ou menos assim, ao chegar em casa, como de costume a amiga da minha mãe pediu para ver o jornal, fiz meu prato e fui para a sala, ver o que de interessante acontecia no mundo. Foi aí que eu, você,pais, alunos, professores, trabalhadores foram assaltados, sem reagir, calados e sem arma, sem nada, levaram o que era nosso. A parte mais revoltante é que assistimos tudo calado, soltei o garfo e fiquei pensando como poderia ter reagido diante de tal agressão moral, ética, em rede nacional. E não fizemos absolutamente nada, nem antes, nem durante e nem após. Temos o mundo em nossas mãos, e o descartamos, optamos por ser as vítimas e ficar na defensiva e nunca ser o atacante. O nome do ladrão pouco me importa, o trombadinha nem merece ser lembrado pelo nome, mas sei que foi eleito pela maioria aí como Vereador, olha só, e a mesma maioria se vê molestada, assaltada. O assalto foi ao dinheiro público, você que tá lendo isso, tá pagando pela informação, pagando por ter essa instituição e ensino que a acomoda, pagando pelo transporte que o trouxe até aqui, pagando pela comida que você vai comer mais tarde ou acabou  de comer, são impostos em cima de tudo: transporte, educação, saúde, comida, vestuário. NADA está saindo de graça. Mas se a preferência é sempre do cliente, e já que estou pagando mereço o máximo de qualidade, vou procurar por aí aí a qualidade e os serviços prestados, de repente o assaltante deixou cair no meio do caminho.
 E me pergunto até quando será que vamos continuar levando as coisas, quando vamos entender que internet, jornal e revistas, são as nossas respostas. Cadê os estudantes que queriam mudar tudo, onde estão os brasileiros que não desistem nunca e vão sempre a luta, onde estão os caras pintadas, já abaixamos a cabeça pra muita coisa, já aguentamos muita ladainha, já pagamos muito e não vimos volta desse investimento.
Eu quero o espírito de liberdade e mudança evaporando de nossas almas, enchendo nosso espírito de coragem e juventude, mostrar que não estamos satisfeitos com essa fralda que colocaram na nossa boca, que temos voz e sabemos falar, temos opinão e atitude é o que não falta.
Depositaram tanta confiança em nós, dizendo que nós somos o futuro, não estamos fazendo nada de diferente, estamos sendo igual, uma decepção para a nação, mas sempre é tempo.
Assaltaram o pão e deixaram o circo, espero que um dia não deixemos barato. Uma mudança leva anos, décadas e até mesmo séculos para acontecer, mas para que isso ocorra o primeiro passo deve ser dado, não será nós que mudará alguma coisa, mas nós podemos dar o primeiro passo. Mostrar interesse e ir a luta por assuntos sociais e políticos não faz de você menos legal, popular, mais nerd, revolucionário, diferente de outras pessoas. Te faz grande de sabedoria, de nobreza. Você pode continuar curtindo suas noites com os amigos, sair sempre, jogar conversa fora, só não se esqueça que a vida não é só isso, um dia sentiremos na pele o que deixamos de lutar por mera futilidade.

"Assim caminha a humanidade com passos de formiga e sem vontade"

quarta-feira, 20 de abril de 2011


Cheguei no salão e meus olhos desesperados o procurava por cada centímetro daquele lugar fechado, que me sufocava com a probabilidade da sua ausência. A tristeza foi me carregando solidária, me consolando, me levando ao desespero. Te procurava feito louca dentre todos os rostos, nenhum era tão encantador e notável como o seu. Queria seus olhos em mim, a me fitar por inteira, a imaginar coisas que não se imagina quando se está em uma missa. Era o amor borbulhando de paixão e insensatez, procurava na verdade o desejo a flor da pele, o seu toque me queimando, penetrando na minha pele e fluindo pela veia, pulsando, atropelando a razão e me fazendo sua. Assim, sem espaço, sem pedir licença, invadindo todos os meus sentidos. Como num naufrago de vermelhos densos, onde meu barco seria incapaz de navegar... me afogo no desconhecido, que um dia cheguei a conhecer, sou incapaz de deduzir quem é você... agora.

sábado, 12 de março de 2011

Anjos não sabem nadar

Como anjos que não sabem nadar
suas asas foram cortadas
o que vê agora são linhas rígidas,
verticais, horizontais.
Atirada no Pacífico,
como anjos que não sabem nadar,
nada te salva,
te sufoca.
Presa entre as garras,
suas asas foram cortadas,
nada te sufoca,
te prende, somente prende
Como se um dia você aprendesse a viver da perda,
do desvio da ordem natural,
nas mãos do destino,
como se realmente um dia você vivesse na perda,
alimento da superação.
Pra ser forte é preciso antes, perder.
Te deixo aqui,
entretido em minhas confusões morfológicas,
em meus versos entrelinhados.
Invento,
linhas rígidas pra te limitar.
Quero todas, verticais e horizontais,
te dou meu abrigo.
Te prendo aqui.
Supere-me, minha perda.
E que comece a chover,
que a tempestade esteja a caminho
Que venha mares melancólicos, marés altas de... nós.


Foi esse mar a razão de meus veraneios
foi esse azul de imensidão que me trouxe o seu perfume
foi ali, bem ali, naquele oceano de lágrimas
que eu te perdi por entre as linhas do meu rosto
desabando de minha pálpebras e se alojando em meus lábios.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Florisbela, pinte suas cortinas, meu amor

   Era tarde e tudo espairecia por debaixo das cortinas, era mais tarde e nada clareava o breu de seus pensamentos. Como uma tela, ela chegava com seu balde de pincéis, tintas, panos e bandejas, como quem sabia o que estava fazendo, como quem tivesse isso como rotina, como quem só repetia. Ela tentava seguir o fluxo, mas ao mesmo tempo que este a acolhia a deixava com fome... de vida. Era uma dessas fomes que fazem você tingir tudo de branco e só usar preto, não para se destacar, mas para se afogar na imensidão do nada, como se nada fosse, a tristeza é uma cor viciante.
   Os ponteiros ficavam cada vez mais pesados, acompanhando os batimentos de seu coração a cada segundo, sincronia era a palavra. E nesse jogo de "era" ela se foi, para pintar sua cortina de branco. Mas dessa vez era o branco que reflete luz e ilumina tudo, deixando as coisas mais plausíveis e reluzentes, deixava seu sorriso convidativo para uma doce valsa da vida. Florisbela era dócil, mas nesse momento acabo de matar Florisbela. Não era uma boa pessoa, ela seguia fluxos, não era feliz. Não era uma boa moça, ela queria demais, não era feliz. Não era uma boa pessoa, ela seguia fluxos, agora está livre. Ela é uma boa pessoa, ela segue o destino, ela é feliz mas ainda não sabe.
   LEVANTE FLORISBELA! Pinte suas cortinas de laranja dessa vez, para que possa confundi-la com o pôr-do-sol, pinte seu teto de azul, para que possa sempre ver o que realmente significa ser livre, abra suas janelas e deixe que a brisa que vêm de tempos e ventos, de árvores e relentos, de noites e dias, deixe que ela te traga notícias do mundo lá fora, que passeie por seus cabelos e arrepie sua alma, deixe-se acordar pelas gotas da chuva, que não é mais pura, da chuva que castiga os homens, deixe que ela te traga sofrimento, deixe que ela te evolua e amadureça nas fraquezas e dificuldades. Olhe para a porta, amarela, e depois para as cortinas, perceba que nem tudo está perdido, ainda resta o pôr-do-sol no fim do dia. Mas por favor, pinte suas cortinas, Florisbela. Faça o seu "fim de tarde" valer por todas as "tempestades". Pinte suas cortinas, se perca dentro de você e volte quando quiser. Até mais ver, foi um prazer te conhecer!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É ritmo de festa!

Ao contrário do que muitos pensam, o Carnaval não é comemorado só aqui, no Brasil, mas ao redor do mundo também. Cada um do seu jeito.

Na Alemanha, o Carnaval acontece baseado em uma lenda assustadora, afinal os alemães acreditam que nesse dia "ELE" fica solto e todos têm que tampar seus rostos. Isso sim é história, para comemorar o halloween, ou uma sexta-feira 13, agora Carnaval?! Cá entre nós...


Shroveitide é o nome dele, do Carnaval do Reino Unido. Mas calma esse nome não é um qualquer, não. Shroveitide significa "confessar pecados". De repente só de falar esse nome já é um pecado, será?!

EUA! Os queridinhos da América, comemoram o Mardi Grass, "terça-feira gorda", no Carnaval. O que será que rola em uma "terça-feira gora"? Seja lá o que for, vindo dos americanos e suas delícias, já me dá água na boca, ovo frito, Bacon, hamburguer... Acho melhor existir uma "quarta-feira magra".



Ah... o Carnaval de Veneza, as máscaras e trajes mais sofisticados de um Carnaval se encontram lá. O passado, o medieval e o presente se cruzam de uma vez só. O Carnaval que por décadas fora o mais agitado, cobiçado e de presença dentre todos os outros. Era um fantástico desfile de máscaras nas ruas, mas como nada é para sempre, isso também se aplica ao Carnaval Italiano, de Veneza, que com o passar do tempo chega cada vez mais perto de sumir, abandonar as mascaras e mostrar os rostos. Ainda bem que os italianos são conhecidos pela sua beleza também.

PORÉM, nosso Carnaval é sem comparações, agitação demasiadamente excessiva, muita alegria, cor, homens, mulheres, azaração e o principal: muito samba no pé. O Carnaval mais esperado no mundo, mas isso só a gente sabe explicar. Olha o Carnaval aí, gente! É a alegria das nossas raízes, da nossa cultura e tradição, culminando nos tempos de hoje e fazendo a alegria do povo brasileiro, sem discriminação, só alegria.