segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Congestionado, o nariz dela apenas refletia a real situação dentro de seu corpo. Ninguém sentia, ninguém escutava, ninguém se importava, todos fingiam. Foi um grande espetáculo, um show de horrores que merecia ser aplaudido de pé e aos  prantos. Saindo dali ela procurava em coxias o que estava perdido na platéia. A encenação do século, o medo e a angústia dela no palco era tão real que a platéia fingia se chocar. Brutos, ninguém pensava. As palmas ecoavam como um grande vazio e a poltrona fofa confortava a bunda de todos aqueles sedentários que assistiam, grandes atores, todos fingiam. Ninguém partilhava aquele sofrimento, não entrava na alma, nem mesmo cutucava o tecido da pele, todos estavam à vontade. Frustrada, a linha era muito tênue entre a desistência e a revolta e ela beirava a insanidade, se embriagava de vazios e nada fazia tanto sentido como aquilo, quem ensinou?! como ela sabia de tudo isso?! Todos sabiam, mas ela descobriu um furo em sua capa e viu as coisas de fora, foi desumano.

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