sábado, 24 de dezembro de 2011

The king and the queen

De volta pra mim aquela paz,
jogados na areia cheia de conchas,
você no meu colo,
eu com seu chapéu e sua camisa.
Chamados de "the king and the queen",
dançávamos na areia a luz da lua, na nossa melodia.
ao decorrer da noite nos descobrimos nos olhos
e nos encontramos no mar.
Ecoa na minha cabeça você me perguntando em inglês sobre a lua em português
e eu em francês,
Nossos corpos queimavam e quando fazia um minuto distante, te observando, éramos gelados e frios.
Falamos sobre Victor Hugo e Vinícius de Moraes,
demos "buondiorno" aos gatos pingados que passavam
e você me beijava na maçã do rosto, na testa e na boca
repetia sistematicamente coisas do tipo "Oh, the queen is so cute" e "Ela não é linda?" com aquele sotaque encantador.
Senti aí que é hora de ir embora.
Sua camisa ainda tem seu cheiro e estou num estado Alfa até agora.
Você é lindo ao amanhecer, preciso dormir e acordar com você,
vou te encontrar.

sábado, 17 de dezembro de 2011

E ninguém sabe

Devo escrever algumas coisas antes, não tudo mas alguns versinhos que machucam...

Estão me cansando,
me desgastando.
Minhas costas doem, meu nariz está sangrando e a enxaqueca está mais forte do que nunca,
estou mole e indisposta e preciso injetar vida no meu corpo
talvez isso seja o medo se manifestando, ou apenas o calor excessivo.

Estou dizendo um até logo para tudo isso,
talvez eu fique por lá mesmo, me descobrindo
a vida é muito mais que só isso que ela nos oferece.
Na mochila já estão minha dúvidas e inquietações, dentro de mim muito medo
Mas é isso, a partir de alguns dias estarei me jogando no desconhecido
e essa vida será passada, estou entrando nas profundezas e na parte intocada da minha vida, vou cutucar todas essas feridas e observar como o tempo se torna medicinal.
Estou fazendo o favor de não me importar com coisas que julgam importante, não quero mais saber de nada disso
Daqui uns dias será só eu e o mundo desconhecido.
Sem despedidas, meu coração bate forte de medo
sem despedidas boa parte de mim já foi e alguns perceberam,
agora falta a metade eu.
Na pior das hipóteses quero que me soprem no ar,
vou me proliferar e experimentar a liberdade,
Todos vão me respirar e me absorver,
vou estar em todos vocês, aí sim poderei dar a atenção de vida a todos sem que a ausência dessa me faça perder o homem da minha vida.
Cuidem-se, em algum lugar estarei fazendo o mesmo.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Amor é prosa, sexo é poesia

http://www.flickr.com/photos/16993543@N08/1889328191

                Somos  o depois da semente que foi plantada e o antes do fruto maduro que um dia cairá no chão e irá se desfazer, num processo irreversível como esse o medo é natural mas pouco sabem usá-lo como combustível para seguir adiante, se imaginam numa esteira e ficam a espera, a esperar não sei do que, não sei de quem, esperam tanto que quando perdem o medo já estão apodrecidos antes de amadurecerem.
                É ruim viver sozinho, então começa a busca selvagem por parceiros, somos capazes de tudo, vestimos personagens além do que achávamos ser capazes, em busca da reprodução basta parar e observar como somos tão animais quanto os outros. Todos em busca de amor, de alguém, de um parceiro, a razão na qual pode-se concluir que involuntariamente todos estão em busca do sexo. Uma mulher se veste para a outra, porque ela precisa ser mais bonita, lei da oferta e procura, há a necessidade de ser mais interessante pelo fato de que assim se interessarão por ela primeiro e desse jeito ela se sente mais segura em arranjar um parceiro, em busca de sexo.
               Fico pensando se talvez não seja por isso que o homem e a natureza não sejam tão ligados, digo isso porque ninguém procura viver com mais contato com a natureza, apenas se sentem melhor na presença de uma parte dela. Penetrando na natureza não existe uma forma física de grande intensidade que mexa com todo o seu sistema, não existe uma reciprocidade como uma relação humana, ficando apenas no desejo não achamos uma forma que se assemelhe a unificação das almas e o sentimento caloroso e intenso do sexo entre seres humanos. A verdade é que para sentir-se inteiramente ligado e se unificar a ela é necessário uma grandeza de espírito muito superior, uma espécie de espírito cósmico elevado.
               Ambas são relações muito bonitas, é o físico em busca de algo mais, de se perder em outro corpo, em outra matéria, de saber o que tem além do que se vê, uma forma pura e que nem a tecnologia nem nada futurístico conseguirá suprir essa necessidade e a natureza do homem, os poucos vestígios que sobraram da conexão entre o homem e a natureza. É a vida se enchendo de intensidade e explodindo em vida, vida pura, da fonte.
              Então não tem nada de mais e pervertido, indelicado, em falar sobre sexo. Tão natural quanto ir ao banheiro, quanto sentir sede e beber água, sentir calor e querer um banho gelado, ver o sol e se imaginar na praia, querer e poder falar sobre sexo sem repressões, é nisso que se encontra a fonte da vida.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Perfume




















Deixe-me ver tudo isso começar de novo
pelo meu corpo passeiam de quando em quando sensações
Respiro fundo e sinto o cheiro da vida
o ar gelado e fresco, feito na hora.
Um novo dia e um novo ciclo de coisas começando
por entre o vidro embaçado posso ver o asfalto molhado.
Aqui fora sinto a evaporação das águas de ontem.
A vida começou de novo,
desprendendo de mim, me despeço de toda essa patifaria.
Tô vivendo a base de sopa.
Agora saia, por favor.
Somos frascos que sobraram daquela fragrância afável e nos quebramos em mínimos cacos a cada toque, desabite.
Tô vivendo a base de perfumes.