sábado, 12 de março de 2011

Anjos não sabem nadar

Como anjos que não sabem nadar
suas asas foram cortadas
o que vê agora são linhas rígidas,
verticais, horizontais.
Atirada no Pacífico,
como anjos que não sabem nadar,
nada te salva,
te sufoca.
Presa entre as garras,
suas asas foram cortadas,
nada te sufoca,
te prende, somente prende
Como se um dia você aprendesse a viver da perda,
do desvio da ordem natural,
nas mãos do destino,
como se realmente um dia você vivesse na perda,
alimento da superação.
Pra ser forte é preciso antes, perder.
Te deixo aqui,
entretido em minhas confusões morfológicas,
em meus versos entrelinhados.
Invento,
linhas rígidas pra te limitar.
Quero todas, verticais e horizontais,
te dou meu abrigo.
Te prendo aqui.
Supere-me, minha perda.
E que comece a chover,
que a tempestade esteja a caminho
Que venha mares melancólicos, marés altas de... nós.


Foi esse mar a razão de meus veraneios
foi esse azul de imensidão que me trouxe o seu perfume
foi ali, bem ali, naquele oceano de lágrimas
que eu te perdi por entre as linhas do meu rosto
desabando de minha pálpebras e se alojando em meus lábios.